O filo Porífera integra o reino Metazoa e reúne animais conhecidos como poríferos, ou esponjas. Seus nomes devem-se a uma das principais características do grupo, apresentar poros microscópicos por todo o corpo. A maioria das espécies possui corpo assimétrico. Suas cores são diversas, há esponjas amarelas, vermelhas, cinzentas, laranjas, violetas, dentre outras colorações. Seus tamanhos também podem variar: algumas espécies medem centímetros, enquanto outras chegam aos 2 metros de altura. Até meados do século XVIII, os poríferos eram considerados plantas, uma vez que não apresentam movimentação evidente ou reação à estímulos. As espécies atuais do filo pouco divergem de seus ancestrais, que surgiram há mais ou menos 600 milhões de anos atrás.
- Habitat:
Todos os poríferos são aquáticos e crescem aderidos a substratos diversos. A maioria deles vive no mar: dentre as mais de 10 mil espécies do filo, pouco mais de 100 vive em água doce. Apesar de serem mais abundantes em mares tropicais, podem ser encontrados nas mais diversas localidades, incluindo os mares polares. Habitam desde as zonas das marés até as profundezas oceânicas, muitas vezes como membros da comunidade de recifes de coral.
- Organização Corporal:
As esponjas simples são fechadas na base e possuem uma abertura relativamente grande no topo, chamada de ósculo. A água que penetra os inúmeros poros que perfuram o corpo dos poríferos atinge uma cavidade interna, a espongiocela. Comumente, diz-se que tais animais se podem ser comparados a um cilindro oco. O corpo dos poríferos é sustentado por elementos esqueléticos de dois tipos básicos: espículas minerais e fibras proteicas. As espículas são estruturas minerais microscópicas em formato de agulha. Originadas por células especiais, os escleroblastos, elas tem formato de agulha, estrela ou haltere, sendo constituídas por sílica (SiO2) ou carbonato de cálcio (CaCO3).
Por outro lado, as fibras proteicas esqueléticas são formadas por espongina, uma proteína semelhante ao colágeno, que é secretada por espongioblastos. As fibras de espongina constituem uma trama ramificada entre as células corporais, uma espécie de esqueleto flexível e resistente.
Espongina, espécie de esqueleto dos poríferos.
- Tipos de célula:
As esponjas não possuem tecidos e nem órgãos ou sistemas. Externamente, o corpo desses animais é constituído por células achatadas e bem unidas, os chamados pinacócitos. Distribuídos entre os pinacócitos estão os porócitos, que possuem um canal central que atravessa o citoplasma de lado a lado, formando um microscópico poro por onde a água penetra na esponja. Os coanócitos são células ovoides de revestimento interno, características dos poríferos, dotadas de um flagelo e de uma base circundada por projeções da membrana plasmática que formam um funil. O batimento de seus flagelos promove um contínuo fluxo de água do ambiente para a espongiocela. Os coanócitos capturam, por fagocitose, e digerem o material orgânico misturado na água, que é então distribuído para as demais células do animal. Como a digestão ocorre no interior de células, diz-se que os poríferos apresentam digestão intracelular. O alimento capturado também podem ser digeridos pelos amebócitos, células especiais responsáveis pela regeneração celular. Por causa deles, um simples pedaço de esponja pode regenerar um animal completo. A diferenciação de tais células origina os escleroblastos, responsáveis pela produção das já mencionadas espículas, e aos espongioblastos, que secretam a espongina.
Há uma fina matriz gelatinosa, o meso-hilo, entre os pinacócitos e os coanócitos, onde se localizam os instrumentos de sustentação esquelética das esponjas.
- Reprodução:
A reprodução dos poríferos pode ser sexuada ou assexuada. A reprodução assexuada se dá por brotamento, gemulação ou regeneração. A reprodução assexuada por brotamento é a mais comum e consiste na formação de brotos (expansões do corpo) que crescem e mais tarde se separam do organismo genitor, virando novos indivíduos. As colônias são formadas quando não ocorre a separação dos brotos.
Reprodução assexuada por brotamento dos poríferos.
A gemulação ocorre quando as condições ambientais se tornam adversas, como durante as secas prolongadas, quando algumas esponjas de água doce formam estruturas resistentes denominadas gêmulas (conjunto de amebócitos envolvidos por uma parede espessa reforçada por espículas). A atividade metabólica destas é reduzida, o que as permite suportar longos períodos em estado de repouso. Quando as condições melhoram, os amebócitos voltam à atividade, saem por um pequeno poro na parede da gêmula e, multiplicando-se, originam uma nova esponja. A regeneração é feita por amebócitos que, a partir de um pequeno fragmento do animal, podem originar um novo indivíduo. A reprodução sexuada também ocorre entre os poríferos. A maioria das espécies é monoica (hermafrodita): o mesmo individuo (ou colônia) forma gametas de ambos os sexos. Entretanto, também existem espécies dioicas. Os gametas podem se formar através dos amebócitos ou da transformação dos coanócitos, no caso do espermatozoide. Estes são liberados na água enquanto os óvulos permanecem no meso-hilo da esponja que os formou. Os espermatozoides que entram na esponja fêmea fundem-se a coanócitos, transformando-se em amebócitos que se deslocam até o óvulo, fecundando-o. O zigoto se desenvolve no meso-hilo e origina a blástula que, uma vez que é dotada de células flageladas, pode nadar através do ósculo e se libertar da esponja-mãe. Ocorre desenvolvimento direto quando a blástula se fixa e origina diretamente um novo organismo semelhante ao original. O desenvolvimento indireto acontece quando a blástula origina um organismo bem diferente da forma adulta, chamado de larva, que posteriormente se transforma em uma esponja adulta.
Reprodução sexuada dos poríferos com desenvolvimento indireto.
- Tipos de estrutura corporal:
Quanto à estrutura corporal, as esponjas podem ser de três tipos: asconoides,siconoides e leuconoides.
As asconoides são as mais simples, tendo o formato de um vaso de parede fina. Os canais dos porócitos atingem diretamente a espongiocela, que é completamente revestida por coanócitos, cuja movimentação dos flagelos expulsa a água pelo ósculo. Geralmente de tamanho maior que os anteriores, as siconoides apresentam uma parede mais espessa com fendas que levam a canais aferentes, onde ficam os porócitos, que se comunicam a canais radiais vestidos por coanócitos, cuja movimentação dos flagelos força a água a passar pela espongiocela (relativamente menor que nos asconoides e sem coanócitos).
As leuconoides são as maiores e mais complexas, cuja parede é espessa, com abertura que levam a canais aferentes. Estes desembocam nas câmaras vibráteis, revestidas por coanócitos. Tais câmaras se comunicam por canais eferentes com a espongiocela, que nos leuconoides é um canal estreito e sem coanócitos. A movimentação a água, que circula no corpo da esponja sempre entrando pelos poros e saindo pelo ósculo, fica a cargo dos coanócitos das câmaras vibráteis.
- Classificação dos poríferos:
O filo Porífera pode ser dividido em três classes: Calcarea, Desmonspongiae e Hexactinélida. A classe Calcarea agrupa as esponjas com espículas calcárias. Podem ser dos tipos asconoides, siconoides ou leuconoides; as esponjas da classe Desmonspongiae apresentam espículas silicosas, fibras de espongina, ou ambas e são penas do tipo lêucon; a classe Hexactinélida é o grupo das esponjas com espículas silicosas que podem ser asconoides ou siconoides.
- Alimentação:
As esponjas são animais filtradores, ou seja, elas filtram partículas orgânicas que circulam na água para sua nutrição. A água entra pelos poros, trazendo oxigênio, alimentos e minerais; ela sai pelo ósculo, levando gás carbônico e as excreções formadas pelas atividades celulares. Vale ressaltar novamente que a digestão do filo Porífera é intracelular.
-Exercícios:
1. Faça um esquema do corpo de uma esponja em seu caderno e coloque os nomes nas estruturas constituintes e dê a função de cada uma dessas estruturas.
R:
5. Construa um cladograma dos Metazoários e coloque as apomorfias relativo a cada ramo (clado) existente:
R:
6. Leia o texto abaixo: "Espongiose" de Ulisses dos Santos Pinheiro (2008) (acima), extraído de um importante trabalho sobre esponjas publicado na Revista Eletrônica do Museu Nacional e USP Ciências e responda as seguintes questões: a) O que tem nas esponjas que pode causar irritações nos tecidos humanos?
R: Ao morrerem, as esponjas têm seu colágeno decomposto, expondo seu esqueleto constituído de sílica composto por espículas.
b) Após ler o texto, pesquise para que serve a sílica atualmente para nós humanos.
R: Sílica é utilizado em forma de gel que tem a função de dessecantes, cuja função é absorver a umidade e prolongar a vida útil dos objetos. c) Como é chamada a doença causada pelas esponjas?
R: Espongiose. 7. O tamanho e a forma das esponjas variam muito, entretanto, o fluxo de água no interior das espojas sempre segue o seguinte sentido: poros → átrio → ósculo.
Baseando-se nas informações acima, no esquema e no seu conhecimento sobre o modo de vida dos poríferos, explique a importância ecológica das esponjas para a saúde dos ambientes aquáticos, indicando o tipo mais eficiente, justificando a indicação.
R: As esponjas desempenham importante papel ecológico, ao se associarem com micro-organismos, servem de proteção e alimento para outros animais, promovendo a ciclagem e a disponibilidade de compostos e matéria orgânica. Além disso, são indicadores da qualidade da água local, uma vez que só sobrevivem em ambientes limpos. O tipo de esponja mais eficiente é o leuconóide, uma vez que permitem um tamanho maior e, graças às suas câmaras internas, possuem maior eficiência ao filtrar pois tem seus canais internos revestidos por coanócitos.
8. Uma esponja é capaz de movimentar um volume de água considerável. Estudos mostram que algumas esponjas grandes (2m3 de volume e um poro com 50 micrômetros de diâmetro) podem bombear seu próprio volume em água a cada 20 segundos. Sendo assim, que volume de água essa esponja bombeará em 1minuto?
R: Ela bombeará 3 vezes seu volume, no caso, 6mᶟ de água em um minuto.
10. Explique por que o tamanho das esponjas não pode ser muito grande.
R: Pois não conseguiria alimentação suficiente para alimentar um corpo extenso, tendo em vista a grande dificuldade em obter nutrientes. Além disso, como é um alvo imóvel tornaria-se um alvo fácil e, ainda, por causa do tamanho, demoraria mais e se tornaria menos prático a locomoção dos nutrientes no interior da esponja, demoraria mais a viagem pelos canais internos.
- Referências:
4. www.educacao.uol.com.br
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